sexta-feira, março 18, 2011

TERREMOTO, TSUNAMI E DESASTRE NUCLEAR, NO CORAÇÃO




Gilgamesh, irado contra a injustiça, apela ao deus Shamash
 
Desta vez, terremoto e tsunami não causaram tanta devastação nas almas já prevenidas com as escoras da autojustiça. Tal como o Japão é louvado pelas soluções empregadas em edificações com vistas à proteção desses “atos de Deus”, assim há quem se previna da ação de Deus, fundamentando ataques e defesas na própria consciência (cf. Rm 2.15). Aqui, no soco firme dos brasis, alguns trataram de abalar a imutabilidade de Deus a fim de explicar tremores do mal e inundações de dor que assolam a alma (Pv 4.1-27). Poderá ser até que não dê em nada; mas, pelo menos, acha o estulto, a mão erguida contra o céu é prova da insatisfação com tudo isso que está aí fora!

Ao ler coisa escrita por quem, um dia, disse crer na soberania e na bondade de Deus e, hoje, muda sua interpretação da Palavra revelada, fico pensando que o terremoto e o tsunami conseguiram chegar aqui. Vai ver que é por que a crença não era a de uma fé em Deus, mas fé na fé. Isso, porque nossa crença básica (a que realmente entretemos no fundo do coração e que controla nosso comportamento) é a base com que interpretamos o mundo e seus eventos. Sem os óculos da graça de Deus, tudo o que o homem vê é desgraça.

Quando atrita com as camadas superficiais da insegurança humana, essa (des)crença profunda abala a esperança. Essa ira, muitas vezes, provoca explosões que derramam lavas ferventes e montanhas de água fria sobre a fé. Outras vezes, como se fossem acidentes nucleares, liberam radiações de falsa piedade, que consomem a mente e o coração do povo machucado pela conturbação da natureza decaída e da alma ferida pela carência da glória de Deus.

Não desejo argumentar com aquele que pretenda mudar a natureza do Deus eterno em função de uma incompreensão da realidade presente. Com esse, se ele quiser, poderemos conversar em privado, a fim de que as sujidades do coração não aflorem publicamente, expostas pelos cataclismos existenciais. Quero, sim, falar aos cristãos que possam se abalar com as palavras de falsos repórteres observadores das fronteiras entre o divino e o humano.

Aos verdadeiros adoradores de Deus, digo que o mal não tem existência própria, mas é o bem quebrado na catástrofe do Éden. Quando Deus perfeito criou o mundo fora de si mesmo, criou algo bom por natureza, mas menos que perfeito, pois só ele é Deus. No entanto, em seu desígnio eterno, decretou que, na própria essência dessa criação – o Filho, o Verbo – um dia, nós, menos que perfeitos, seriamos feitos permanentemente bons por meio da obra redentora de Cristo: encarnação, vida de obediência, morte vicária, ressurreição e ascensão. Hoje, o bem quebrado mostra uma face avassaladora e sua nuvem radioativa impede que o bem de Deus seja visto. Mas, para aquele a quem a Luz do mundo afasta as trevas da descrença, todo mal é coberto de graça consoladora e promove o bem dos que são chamados à fé.

O verdadeiro crente não teme o homem e o mundo, mas é tomado da sabedoria do temor do Senhor. Humilde, ante as forças pujantes da natureza decaída e a sobrepujante graça do Criador e Redentor, o verdadeiro crente adora o Deus da Criação, em vez de adorar a criação, temendo-a e reinterpretando Deus à sua falsa luz. Deixa-se transformar pela ação do Espírito de Deus, em vez de pretender mudar o Deus que age, e sempre com justiça e bondade.

Certamente, dói na alma a dor que dói concreta na vida do meu irmão de carne e sangue. Entretanto, dói mais ver que essa dor é capaz de abalar a fé do meu irmão no sangue de Jesus Cristo e na unidade do Espírito. Dói ver a desesperança inundando e levando de roldão a casa mal fundada no coração em que deveria estar a casa na Rocha. Dói ver o amor do coração humano destruído e incapaz de anunciar com efetividade a segurança e confiança em um Deus que é o único movedor imóvel e transformador imutável.

Esse diz com os filhos de Corá:

Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam. Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; jamais será abalada; Deus a ajudará desde antemanhã (Salmo 46:1-5).

Esse diz, como verdadeiro profeta: Creio, meu Criador, Redentor e Senhor, que estás no controle, presente e em autoridade sobre toda a terra e toda massa de grande águas, Ouvi-te na voz da tua justiça e meu íntimo se comoveu, entendi a podridão dos meus ossos e que em silêncio, devo esperar o dia da angústia. O filho de Deus considera a justiça de todos os atos de Deus quando considera seu próprio coração. Ainda que o terremoto seja de 8.9 e que venham os tsunamis e que a ameaça nuclear me bafeje o rosto, e os homens se rebelem contra ti e me acusem de ingenuidade ou obscuridade, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é a minha fortaleza. (Cf. Habacuque 3.15-9).

Wadislau Martins Gomes

2 comentários:

JAIRZINHO PEREIRA DE OLIVEIRA disse...

Ê mestre Law, mais uma matéria desafiadora e confortadora aos nossos corações. por isso que é bom demais da conta, acompanhar sempre seu blog. Vai nessa força meu professor e pastor.

coramdeo disse...

Oi Jairzinho, amado irmão e amigo: bênçãos.
Agradeço o estímulo. Realmente, situações de crise desafiam positivamente o coração regenerado.
Paz.
Wadislau