terça-feira, março 12, 2013

IRMÃOS NA FÉ



Comecei a procurar amigos nas redes sociais como instrumento para conhecer meu próximo, compartilhar ideias e conectar-me a um mundo mais amplo; onde pudesse comunicar aquilo que está no coração e pensamento de uma mulher cristã que deseja a evangelização e edificação do Corpo de Cristo.

Conhecendo o próximo

Descobri velhos e novos amigos. Procurei principalmente amigas com as quais compartilho os mesmos ideais. Muitas delas vieram por meio de seus cônjuges ou pastores, e passei a comunicar também com formadores de opinião. Simples mulher cristã, que procura pensar e agir biblicamente, tenho de ter opiniões formadas, desenvolvendo a mente após a mente de Cristo (Rm 12.2; 1Co 2.16; 1Co 14.15; Fp 4.7).

Ser professora – quer de inglês ou de escola dominical quer da APEC quer de Bíblia quer de teologia filosófica – é apenas o cumprimento de minha missão no do Corpo de Cristo, praticando o dom que Deus dá. Hoje, não exerço nenhum magistério, mas sou desafiada a postar marcos e escrever para quem quiser ler – assim, escrevo. É certo que o contexto histórico e profético do versículo que compartilho adiante é do povo de Israel no final do século sétimo e parte do sexto, durante o reinado de Josias e até pouco antes da tomada de Jerusalém por Nabucodonozor – mas vejo uma aplicação para minha vida e para a vida de muitos irmãos: “Põe-te marcos, finca postes que te guiem, presta atenção na vereda, no caminho por onde passaste; regressa, ó virgem de Israel, regressa às tuas cidades.” (Jr 31.21).

Descobri que muitos “próximos” não partilham e até debocham de ideias que ainda me são caras. Eu também não concordo com muitos escritos de amigos. Lembro-me de um irmão que abençoara muita gente, empresário cristão, exclamando num encontro de casais: “Eu não admito esses puritanos que se julgam melhores do que outros!” – sem saber que meu marido e eu tínhamos bom contato com o puritanismo. Ou do jovem pastor que, apresentado a outro pastor antigo da igreja batista, exclamou: “Ainda bem que é batista e não pentecostal!” – e esse pastor era dentre os fundadores da igreja batista pentecostal da cidade. Muitas vezes, Wadislau foi convidado para pregar em congressos e congregações de igrejas de forte tendência arminiana (Batista Livre, Metodista Wesleyana, Prebiteriana Renovada, por exemplo), embora, se olharem o seu currículo, verão que ele é pastor de convicção calvinista há mais de quarenta anos. E muitos de nossos amigos calvinistas fazem forte oposição ao pré-milenismo, embora nós sejamos convictos do pré-milenismo histórico (como foram Charles Spurgeon, James Boice e Francis Schaeffer, entre outros grandes homens de Deus). Estudamos em uma escola de visão dispensacionalista, e estamos cercados de pastores amigos que têm visão amilenista. Fico lembrando a discussão na igreja de Corinto: “Eu sou de Paulo, eu sou de Pedro, eu sou de Apolo” (1Co 1.12-15; 1Co 3.4).

Além de irmãos que partilham da mesma fé tendo diferenças doutrinárias, temos alguns amigos que abandonaram a fé em que continuamos firmes. Alguns amigos têm hábitos diferentes dos meus (tenho amiga querida que ama dançar tango e outra que fala em línguas – hábitos que não tenho!) ou visão política divergente, (tenho amigos pacifistas e outros “guerreiros”) mesmo que tenham a mesma fé que a minha. Alguns acrescentaram “outro evangelho”, outros descartaram fundamentos da fé como o nascimento virginal de Cristo, ressurreição e juízo eterno. Outros são claramente hereges devido a desvios comportamentais: adulteraram a Palavra de Deus porque houve infidelidade conjugal ou “assumiram sair do armário” e deixaram a igreja ou fundaram outra mais inclusivista. Mesmo com esses, permaneço amiga, não me julgando superior a eles, embora não cooperadora, desejosa de que voltem ao rebanho de Deus, como desejo aos amigos não convertidos que conheçam a Jesus e recebam-no como Salvador e Senhor da vida.

Eu não assino embaixo de tudo que dizem meus amigos. Só os rejeito quando, “dizendo ser irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais” (1Co 5.11) – não por considerar-me melhor, pois “tais fostes alguns de vós, mas vós vos lavastes...” (1Co 6.9-12) mas porque quero que nossa comunicação glorifique a Deus de modo prático.

Comunicando graça

Há amigos que comunicam graça mediante sua arte (as postagens de amigos músicos e artistas poéticos ou plásticos que enobrecem a vida) ou humor sadio (são engraçados e enchem a vida de bom humor). De vez em quando um amigo ranzinza só comunica desgraça e descrença – por esses tenho de orar e, se suas comunicações continuarem nesse tom, excluir do convívio. Isso não quer dizer que a comunicação seja sempre poliânica (lembre a história de Poliana que via beleza e alegria em tudo? Isso não é bíblico!); porém ela deverá ser graciosa, na graça e paz do Senhor Jesus. Amo o “Mas Deus...” de Efésios 2.4-1 que descreve a graça em que desejo me firmar e compartilhar ao próximo. Que qualquer comunicação que fizermos – seja a viva voz, por escrito, ensino ou simplesmente sendo em essência aquilo que somos – seja na graça e paz do senhor Jesus, que nos reconciliou na cruz, dando-nos acesso ao Pai pelo Espírito (Ef 2.14-19).

A promessa de Deus feita por Jeremias (31.33) fala da lei do Senhor impressa na mente, inscrita no coração de seu povo e é reiterada em Hebreus 8.10-11: “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior”. A promessa é que todos os irmãos, desde o menor até o maior, conhecerão a Deus.

Elizabeth Gomes