quarta-feira, dezembro 24, 2014

O VERBO SE FEZ CARNE

 

 
E o Verbo se fez carne
e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade,
e vimos a sua glória,
glória como do unigênito do Pai.
 
Onde foi?

— Beit-leham, casa de pão, se torna local do nascimento do Pão da Vida

“E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Mq 5.2). “José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2.4-7) e “Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes...” (Mt 2.1). “Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo... Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6.33;35).

Com quem aconteceu?
 
— Yousef ben Yacob (José)

“Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (Isaías 7.14 -- que quer dizer: Deus conosco). Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus” (Mt 1.20-25)

— Miriam bat David (Maria)

“Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim (Lc 1.30-12).

— Yeshua ha Meshiach (Jesus)

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto” (Is 9.6-7)

Há melhor lugar para um Cordeiro recém-nascido do que uma mangedoura em estábulo?

“... e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria (Lc 2.7-14). “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29)

Quem seriam os primeiros a saudar o nascimento do Cordeiro de Deus?

Pastores guardando os rebanhos como o antepassado rei-pastor Davi

“Havia, naquela mesma região, pastores que viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite... e ficaram tomados de grande temor...”

Um anjo – multidões de anjos

“E um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam...”

* pessoal, – não temais
* à comunidade, – vos trago boa nova de grande alegria
*a todos os povos – que o será para todo o povo:

“é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura (...) e a glória do Senhor brilhou ao redor deles (...) subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem”.

O que fizeram os pastores?

“E, ausentando-se deles os anjos para o céu, diziam os pastores uns aos outros:

Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer.
Foram apressadamente e
acharam Maria e José e a criança deitada na manjedoura.
Vendo-o, divulgaram o que lhes tinha sido dito a respeito deste menino”!

O que fizeram os que ouviram e os que proclamaram?

“Todos os que ouviram se admiraram das coisas referidas pelos pastores... Voltaram, então, os pastores glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora anunciado (v.20).

Sábios do Oriente:

“Eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo... eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava o menino. E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra” (Mt 2.1;9-11).

Simeão

“Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele... Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo:

Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo,
segundo a tua palavra;
porque os meus olhos já viram a tua salvação,
 a qual preparaste diante de todos os povos:
 luz para revelação aos gentios,
e para glória do teu povo de Israel...
Simeão os abençoou e disse a Maria...
Eis que este menino está destinado tanto para ruína
como para levantamento de muitos em Israel
e para ser alvo de contradição
        (também uma espada traspassará a tua própria alma),
para que se manifestem os pensamentos de muitos corações    (Lc 2.25-35).

e Ana, viúva de oitenta e quatro anos: “Chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém” (v 38).

José, Maria e o bebê Jesus:

“E estavam o pai e a mãe do menino admirados do que dele se dizia” (Lc 2.33)

 “Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito; e lá ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio do profeta: Do Egito chamei o meu Filho”.

“Tendo Herodes morrido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito Dispôs-se ele, tomou o menino e sua mãe e regressou para a terra de Israel. Tendo, porém, ouvido que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e, por divina advertência prevenido em sonho, retirou-se para as regiões da Galiléia. E foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno” (Mt 2.19-23).

Herodes

“Enfureceu-se Herodes grandemente e mandou matar todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos magos. Então, se cumpriu o que fora dito por intermédio do profeta Jeremias: Ouviu-se um clamor em Ramá, pranto, choro e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável porque não mais existem” (Mt 2.16-18).

Jesus?

“Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele,
 e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens.
 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” (Jo 1.2-5).
“... a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1.17).

E Maria?

“Maria, porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração” (v.19; v. 51).

E nós?

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.11-13).

Que recebamos a Jesus Cristo, Deus Conosco, não apenas neste Natal, a cada dia, porque nele vivemos e existimos – para a glória e paz de Deus e a verdade e alegria entre os homens.

Elizabeth Gomes

segunda-feira, dezembro 01, 2014

NÃO QUERO BÊNÇÃOS QUE NÃO VENHAM DE DEUS!




Assentados à mesa após a janta, Vito e Léa (nomes fictícios), hóspedes em O Refúgio, Clóvis, amigo que revíamos depois de mais de quinze anos, e a nossa família, falávamos sobre fé, oração, ação de Deus e coisas como essas. A certa altura, Vito, apelou para um testemunho que o casal achava incontestável: “Minha filha tinha uma problema no joelho; depois de mal sucedidas andanças por consultórios, nós a levamos para Minas, para uma operação espiritual com o Dr. Fritz – temos duas radiografias, antes e depois, para mostrar que ela foi curada”. Eu já me preparava para um uma incursão no esquema doutrinário bíblico, quando Clóvis atalhou: “Não quero bênçãos que não venham do meu Deus”. Boa, Clóvis! Valeu! A coisa é essa mesma.

Efésios 1.3 diz que o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus, “nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, e 2Pedro 1.3 reitera, dizendo que “nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude”. A questão é que somos tomados de dúvida em relação à palavra de Deus, e, consumidos por diversas ansiedades, vivemos à cata de bênçãos. Queremos uma segunda, terceira, e mais e mais “bênçãos” que jamais saciam a sede de santidade instantânea e indolor e de poder espiritual sem obediência e dependência da vontade de Deus. Parodiando a vai a canção: “e se Deus não der, eu vou me danar, e chega”.

Em uma das ocasiões em que a Beth esteve bem doente, uma senhora de uma das igrejas que servi falou ao telefone: “Pastor, por que você não leva a Beth para receber a oração do pastor ‘tal e tal’; ele orou por mim, e eu estou curada de um câncer”. “Obrigado pelo cuidado, irmã” – iniciei a resposta com maior cuidado – “mas o Francisco, o zelador da igreja, já orou comigo, diversas vezes, assim como os presbíteros e outros irmãos...” Antes do click do telefone desligando, ouvi um resto de frase: “O sr. é mau, pastor”. A irmã morreu um mês depois, e a Beth, pela mesma graça que levou a irmã para o céu, ainda sofre as dores deste mundo e experimenta o contentamento do Senhor.

Se creio na oração? Com toda certeza, pois é ordem do Senhor. Se creio no poder da oração, aí depende do conceito. Se poder da oração for uma figura do poder de Deus para responder orações como bênção concedida pela graça mediante a fé em Cristo Jesus, então, estou dentro para rogar, interceder, jejuar e, especialmente, para receber a bênção de obter o pedido ou para obter a bênção de sabê-lo negado. Isto, porque sei também que o instrumento da oração não foi concedido por Deus que nós o usássemos para forçar Deus a “liberar a bênçãos”. Não há como forçar o braço do Todopoderoso Soberano. A oração é uma bênção para implementar o conhecimento da vontade de Deus no coração e nas mãos do crente. Por meio dela, o crente aprende a comunhão com Deus e, nele, a comunhão com os irmãos. Na comunhão em oração, os crentes exercitam, individual e coletivamente, o conhecimento dos mandamentos e promessas do Senhor, confiantes de que suas vidas estão nas mãos dele, “que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Efésios 3.20).

Ao falar de oração em tempos de perseguição, doença ou outras aflições, Tiago (5.10-20) inicia, dizendo: “Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor”. Infelizmente, muitas vezes, nós tomamos o modelo de curandeiros “evangélicos” que declaradamente adoram a oração que fazem, e não ao Senhor da oração que a atende. Tiago diz também que tudo o que falamos deve ser definido, tanto o sim quanto o não, e, para isto, usa a ilustração da unção com óleo. A unção é a bênção para o usufruto dos mandamentos e promessas do Senhor. A unção para o cumprimento de um chamado especial, como no caso de Samuel e Davi, era marcada com o óleo derramando por um profeta do Senhor sobre a cabeça do agraciada. Significava que a autoridade não residia no profeta nem no rei ungido, mas provinha da graça de Deus a ser recebida mediante a fé. Não será por meio da oração dos adoradores de Baal, ou dos adoradores da prosperidade que não permanecem no pacto em que Deus é o rei soberano e, nós, seus príncipes vassalos, que veremo0s a verdadeira bênção que procede do Pai. No caso da oração para a cura a ser feita por presbíteros, a unção com óleo demonstra que o poder da cura não está no carisma de quem ora nem na força da fé do objeto da oração – mas procede da graça de Deus. Na verdade, a fé pequena e fraca, mas poderoso é o Senhor que a concede e faz aumentar. Sim, eu creio no Deus poderoso que atende minha fraca oração, tal como foi sua resposta à oração de Paulo: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Neste caso, a oração tece efeito completo, como é visto no comentário feito: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2Coríntios 12.9). No exemplo de Tiago, Elias era homem sujeito a paixões e fraquezas; ele, um dia, orou ao Senhor, dizendo que haviam matado os profetas e que, agora, ele estava sozinho e com a vida em risco – o Senhor respondeu que havia ainda sete mil fiéis “que não dobraram os joelhos diante de Baal” (Romanos 11:4). Este homem fraco “como nós”, também orou a Deus pedindo chuva, e choveu!

As grandes experiências do conhecimento e da comunhão com Deus notadas no exercício da oração são realmente grandiosas, maravilhosas, terríveis, e deliciosas, mas proclamam a glória de Deus e não a ilusória glória de homens. Nossos olhos deveriam fitar o Senhor de todas as bênçãos e os nossos pés e mãos deveriam seguir seus caminhos e suas obras. A verdadeira graça não mede homens e sempre os faz crescer; a verdadeira fé não é medida segundo o poder de homens, mas cresce no acato à vontade do Senhor. Deus sempre responde as orações dos seus filhos, sempre transformando o caráter deles quer para receber a bênção pedida quer para entender a sua negação.

Wadislau Martins Gomes