quinta-feira, abril 13, 2006

IGREJA DESABA E MATA SEUS MEMBROS!

Se o 'âncora' do jornal da TV anunciasse, entre grave e cínico, o desabamento de um templo religioso, mostrando os destroços e o empenho das pessoas no socorro dos feridos, provavelmente não produziria mais sentimento aos nossos olhos e ouvidos do que as notícias de carros bombas, de suicidas e de desastres catastróficos do nosso dia-a-dia. Talvez, por isso mesmo, o "grande desastre evangélico" (título de um livro de Francis Schaeffer) não tenha causado o impacto necessário para acordar muitos de nós que "dormimos" durante o sermão. A igreja caiu e ninguém viu.

Nunca o evangelho esteve tão em moda. Catedrais imponentes, enormes galpões adaptados, salas de hotéis e aparelhos de televisão, tudo vira igreja contemporânea. A palavra de ordem ora é "missões" ora é "movimento de crescimento de igreja" ora "estratégia" ora "propósito" como se fossem marcas de cimento. Pastores viram mestres de obras, líderes viram pedreiros, todos trabalhando ao som do ultimo "cântico espiritual" composto após uma reunião de bênção "para viagem".
Na verdade, nada tenho contra coisas novas. O que não gosto é de correr atrás de novidades, tendo de abandonar coisas boas e eternas. Já fui pastor de igrejas que tinham prédios velhos e novos, bonitos e feios, clássicos e improvisados; já participei de igrejas que cresceram e já fui missionário (continuo sendo); penso também em estratégias e propósitos. Mas ao ouvir falar do grande desastre evangélico, não quero tapar meus ouvidos e fechar os olhos enquanto a casa cai. Mais que nunca, creio que é preciso reformar a igreja.
Pense um pouco nisto: Cristo é a pedra angular da igreja; nós plantamos e regamos, mas Deus é quem dá o crescimento; o Espírito do Senhor é quem lidera a pregação e o louvor. Será que estávamos no templo certo quando a casa caiu?
Talvez, se a competição entre os pastores para ver quem tem mais sucesso (medido pelo estrago feito no desabamento?) ou pelo "pastorado" de uma igreja ou pelo lugar de destaque no próximo "encontro" fosse chamado de inveja, ciúme e cobiça... Talvez, se a competição entre pregação e louvor nas igrejas ou a competição entre modelos missionários e relatórios missionários (como é que se mede isso: distância, fundos, números?) fosse chamado de ativismo e culto de si mesmo... Talvez, se a competição entre pastores e presbíteros/diáconos, homens e mulheres, jovens e ultrapassados, fosse chamado de obras da carne... então talvez nos arrependêssemos e voltássemos para a Pedra, para o canteiro de obras, para a habitação de Deus no meio do seu povo.
Não sou pessimista. Se o fosse, não estaria aqui, dando murro em ponta de faca. Sou realista com esperança. Estou certo de que a casa verdadeira não cairá jamais. Estou disposto a continuar a pregação da Palavra, disposto a prosseguir na missão, disposto à oração e à comunhão, disposto à pureza da verdade e à beleza do amor mas na casa certa! Na casa que não cai. E tal missão, tal pregação, tal oração e tal comunhão exigem que eu grite: "Tem casa caindo! Tem gente dormindo! Tem mentira que vira verdade e pecado que vira espiritualidade! Quem edifica veja como edifica, quem prega pregue a Palavra de Deus, quem ora, ore ao Deus verdadeiro, quem vive, viva pela graça de Deus".
Wadislau M. Gomes