terça-feira, março 29, 2016

PENSANDO NA BAGUNÇA AQUI DE CASA, E NA HABITAÇÃO EM CRISTO


Há semanas tenho comichão nos dedos e cutucão no pensamento para escrever um novo blog.  A preocupação com as responsabilidades assumidas, porém, e a própria dureza dos dedos (a artrose indica que estou jovem a muito mais tempo do que pensa minha cabeça) faz com que eu seja lerda em responder a esses leves (e de vez em quando fortes) empurrões. Depois, tem a questão da dureza de coração. A constatação em que Paulo descreve sua própria vida, em Romanos 7.15-23, é realidade na minha—ainda bem que “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).
Ontem, depois de um maravilhoso culto ao Senhor em que a Palavra foi explanada pelo meu pregador predileto, uma irmã agradeceu por uma postagem que compartilhei a algumas semanas que trouxe consolo após a morte de sua mãe. Fui estimulada a escrever mesmo quando não me vejo capaz, mesmo quando há outros que escrevem mais e melhor do que eu, mesmo que doam as mãos e o coração. Jesus assegura minha morada, ou, conforme disse meu escritor predileto no seu livro “Personalidade centrada em Deus” (a ser publicado em breve):
Encontro em Cristo habitação (lócus e fócus) , pois ele veio para a habitação que lhe pertencia e que ele mesmo havia criado para o homem, mas o homem não o recebeu como sua própria habitação. Antes, seguiu vagando pelo deserto em busca de miragens de habitações criadas pela imaginação humana. Moveu-lhes o desejo de controlar seu próprio mundo, de pertencer à terra em vez de reinar sobre ela, de ter autoridade sobre todas as coisas e pessoas. Fora do Éden, no deserto da autonomia, tudo é árido e solitário. Somente a graça de Deus pode fazer companhia à alma e dessedentar o coração.
Nesse mundo árido e solitário, a alma é dessedentada pela própria Água Viva e a mente é estimulada a pensar e agir. Parece um pouco com a cena atual de Refúgio a partir da janela de nossa casa: vejo a paineira em flor, rosas do jardim, e no local da churrasqueira, uma bagunça total de múltiplas obras a serem acabadas: alvenaria, marcenaria, fiação elétrica, coisinhas pequenas e grandes coisas a serem realizadas aqui e agora.
Nós cristãos temos esperança para o futuro, não só de “torta no céu” com uma visão escatológica conforme 1Ts 4.13-18, mas também de sermos instrumentos transformadores no futuro próximo, fazendo  diferença no mundo em que vivemos, consertando aquilo que nós podemos mudar , deixando-o mais belo e útil para a glória de Deus, provocando em nosso irmão de carne e sangue fome da palavra, e em nosso irmão em Cristo, disposição de ser sal e luz num mundo que jaz no maligno.
 Às vezes dá uma coceira de amargar para comentar sobre política e situações insuportáveis nesse nosso mundo tenebroso. Vontade de endireitar o que está errado, ou pelo menos protestar veementemente. Não somos vaquinhas de presépio—estamos em guerra e a luta não é contra carne e sangue. Tenho de me lembrar de Neemias que estimulava seu povo à reconstrução dos muros de Jerusalém: trabalhavam com uma das mãos e com a outra seguravam a sua arma (Ne 4.16-23). A meta era firme e o método exigia perícia: pá de pedreiro com espada de defesa, carregar tijolos e pedras e simultaneamente portar armas! E descubro em minha pequena tarefa de comunicar a Palavra de Deus de modo simples e prático que simultaneamente sujo as mãos plantando flores e mexendo na cozinha. Verdade, de vez em quando deixo a desejar no que realizei ao computador, e depois de cinqüenta anos de cozinha às vezes queimo o feijão. Mas estou aprendendo. Uma coisa de cada vez, cada coisa carregada de simplicidade e igualmente importante.
E fico contente com a irmã que compartilhou que o meu compartilhar foi bálsamo para seu coração.

Elizabeth Gomes