terça-feira, setembro 18, 2012

MAIS DOIS FILHOS, QUERO DIZER, LIVROS


 
Pai e avô coruja, delicio-me em mostrar a cara dos pequenos de ontem e dos já não tão pequenos de hoje. O mesmo depois de parir livros. Desta vez, vieram gêmeos: Força para a família, da Editora Monergismo, e Quem cuida de quem cuida?, da Editora Cultura Cristã. Olha só a carinha deles.

 
Temos de cuidar do caráter e deixar que Deus cuide da situação. Entretanto, não pense que não temos responsabilidades em relação à situação. A Escritura fala de boas obras e de deveres calcados na ordem edênica de cultivar e guardar e de crescer e multiplicar. E sobre esse ponto: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá” (Jeremias 17.9)?

Cultuar a Deus e cultivar a terra, guardar os mandamentos do Senhor e a herança da vida temporal, crescer em estatura e graça, e multiplicar filhos de sangue e espirituais, tudo isso é tarefa ordenada por Deus, mas que nosso coração subverte. Preferimos cultivar nossa personalidade, guardar nossos direitos, crescer em abastança e poder, e multiplicar feitos que assegurem a memória de nosso nome. O apóstolo Paulo adverte contra a insídia do autoengano: “no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano” (Efésios 4.22).

Enganamo-nos, até mesmo, quanto à origem das nossas motivações. Lemos, em Provérbios (ver 4.18-27) que a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai aclarando até ser dia perfeito.  Somos informados que o caminho dos perversos é escuro. Ouvimos o apelo do Pregador para dar ouvidos às suas palavras e guardá-las frente aos olhos e no coração, pois significam vida e saúde. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (v. 23).  O que fazer diante da sabedoria? O Pregador continua, dizendo: desvia a maldade da boca e a falsidade dos lábios, olha direto à frente, para as coisas louváveis, considera onde pisa e escolha andar em retidão, desviando os pés do mal.

Nós também pregamos isso. No entanto, falamos mal uns dos outros, às vezes, a mentira, às vezes, a verdade, mas de maneira a destruir o caráter da pessoa de quem falamos. Atentamos contra o caráter de pessoas criadas à imagem de Deus! Não ponderamos palavras nem olhares nem gestos nem atitudes e, depois, alegamos não saber de onde vêm os problemas. Não obstante, sob o peso de culpa não diferenciada, temos medo de Deus e homens, e a vida se torna tensa, os amigos parecem insensíveis, e a vida, toda descolorida. Isso, só para ilustrar, pois há tanto mais que nos pesa e faz sofrer. (QCQC, p. 35.)

 
Na verdade, o passado não determina o futuro. Não adianta querer analisar lembranças, achando que os problemas residem no passado e que têm de ser resolvidos lá. A Bíblia diz, sim, que devo me lembrar de onde caí, arrepender-me e voltar às práticas de boas obras. Isso foi dito a uma igreja, e tem aplicação universal (ver Apocalipse 2.5). Às vezes, é dito que pecado perdoado é pecado esquecido. Que Deus prometeu que não se lembraria mais de nossos pecados. Isto é certo, mas no sentido legal. Por causa da justificação em Cristo, somos revestidos de sua justiça e nossos pecados não nos são mais cobrados. Deus mesmo advertiu seu povo: “...não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto, quando vossos pais me tentaram” (Salmo 95.8-9a). Porventura, poderia Deus sofrer de amnésia? E quanto a nós, não podemos esquecer o perdão nos nossos pecados de outrora sem correr o risco de sermos cegos para o aprendizado da história (2Pedro 1.9).

Lembranças podem ser úteis, sim, para mostrar um padrão em nossos problemas, traços de pecado ou peso. O passado lembrado fala mais dos pensamentos e sentimentos de hoje. É como se comunicássemos coisas que estão ali, no coração, sem palavras, sem definições, mas latentes, renitentes. Muitas das coisas que experimentamos na vida vão sendo mudadas nas lembranças, para justificar alegrias e tristezas. Nem sempre pensamos nelas, mas sempre que algo acontece, acordamos velhas reações já conhecidas.

O “velho coração” é obstinado. Até mesmo, as imagens de quando ainda não sabíamos falar, ficam enroscadas na ideia, alterando valores e percepções. Joana e João, certamente, tinham coisas para dizer sobre seus pais. Bons ou maus, eles teriam algo a ver com o tipo de “personalidade” que, hoje, João e Joana exibiam. Responsabilidade dos pais. Ou do professor fulano de tal. Ou de Deus. O quinto mandamento continua vivo e vigente. Honra teu pai e ta mãe não diz respeito apenas ao papai e à mamãe. Diz respeito a quem lhes deu honra, cuja autoridade maior é fisicamente conhecida na relação parental.

Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte (Tiago 1.13-15).

– Antes de casar, ele parecia ter todas as qualidades boas que eu reconhecia  em meu pai; depois de casar, ele passou a exibir os defeitos que vi em meu pai, e que eu queria evitar.

– Claro, Joana. Tal como, no Éden, o bem era a qualidade reconhecida e, o mal, a quebra de qualidade, a ser evitada. Assim também, fora do Éden, nossas qualidades, quando quebradas, exibem seu lado avesso. (FPF, p. 86.)

Wadislau Martins Gomes

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