Velho é sempre quem tem, pelo
menos, dez anos a mais do que eu. Sobre alguns deles, ouço do Dr. Shedd, do
Pastor Reimer, do Dr. Schalkwijk, do Rev. Campos (o Álvaro, meu cunhado), dos
meus primos todos, e invejo a experiência de vida e o vigor que eles exibem –
mas também (ah!) regozijo-me na minha relativa mocidade! De outros nem comento,
pois já foram revestidos de juventude eterna! Ouço também de irmãos e amigos –
mais novos e, às vezes, mais maduros do que eu, que enfrentam lutas com doenças
graves, como o Dr. Powlison, o Rev. Deaton (o John, meu genro), o Rev. Freitas (meu irmão amigo, Dídimo), o Presb. Portela , o Dr. Carlos
Osvaldo Pinto, e tantos outros – e sinto que não deveria me pronunciar a
respeito de pequenas fortes fraquezas que experimento. Ocorre que,
recentemente, fui premiado com uma condição física, miastenia gravis (no que conto com a solidariedade da Maria Izabel),
que me rouba a força física e que limita meu campo de ação. Não é nada tão
grave, pois o gravis diz respeito à lei
da gravidade, mas incomoda muito porque a debilidade do corpo passa uma ideia
de fraqueza da alma. Às vezes, eu digo às minhas pernas, pleno de alma: “Mais
rápido!”, mas tudo o que ouço de volta é: “Té
besta!” Não obstante as voltas e contravoltas do tema, vai lá: estou
terminando de escrever um livro, Personalidade
centrada em Deus, e tratando das razões para o enfrentamento de fraquezas,
escrevi:
Não poucas vezes, a Escritura
nos ensina a louvar o poder de Deus em contraste com a fraqueza humana. O
salmista louva ao Senhor e insta que não confiemos nos fracos “filhos dos
homens”, mas que depositemos nossa esperança no Deus criador e redentor (cf.
Salmos 146). O apóstolo Paulo diz que “a loucura de Deus é mais sábia do que os
homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1Coríntios 1.25) e
que Cristo “foi crucificado em fraqueza; contudo, vive pelo poder de Deus.
Porque nós também somos fracos nele, mas viveremos, com ele, para vós outros
pelo poder de Deus” (2Coríntinos 13.4); de fato, ele disse que se gloriava nas
próprias fraquezas, não dele mesmo, mas na verdade, bastando-lhe a graça de
Deus, “porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me
gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo”.
Certamente, o apóstolo Paulo falava de fraquezas sem dolo, isto é, de espinhos
na carne e de perseguições que lhe quebravam o orgulho e exaltavam a grandeza
de Deus. Sobre fraquezas pecaminosas, ele disse: “Não vos louvo” (cf.
1Coríntios 11.2,17), e, em outro lugar recomenda que nos examinemos a nós mesmos,
se estamos na fé, não apenas parecendo aprovados, mas realmente fazendo o bem
“Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade” (cf.
2Coríntios 13.5-8). Em todos os casos, virtuosos ou viciosos, devem sempre
prevalecer a glória e a graça de Deus – se houver virtude louvado seja o único
Autor de todo o bem e (Tiago 1.17,18; Filemom 1.6) e, se houver pecado, louvado
seja o único Autor da nossa redenção que nos concede todas as bênçãos para o
arrependimento e para o livramento das paixões que há no mundo a fim de que
participemos de sua santidade (cf. Romanos 4.6; 2Pedro 1.4). A conclusão a
somos levados, nessa linha de pensamento, é que este padrão de “obras mortas”
abre portas para o aperfeiçoamento de nosso caráter, como disse o apóstolo
Pedro: “Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna
glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar,
firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos séculos dos
séculos. Amém!” (1Pedro 5.10-1).
Se eu digo à minha fraqueza:
“Animo!”, ouço de volta um forte: “Té besta!”
Quando, porém, digo aminha alma: “suspira e desfalece pelos átrios do Senhor”,
então, “o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo” (Salmo 84.2)!
Wadislau Martins Gomes
2 comentários:
Deus renove Sua paz todos os dias na vida do amado pastor. Esse texto é mui inspirador. Deus é Bom.
Deus o fortaleça, conforme Sua multi graça e misericórdia Reverendo. Abraços em Dona Beth.
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