Curtir Comentar Compartilhar Beijar o sapo Abraçar o jacaré |
Facebook é como telefone sem
fio. Para os recém vividos, não é o sem fio antigo nem o celular; é uma
brincadeira do tempo que as festas eram animadas numa roda em que alguém
cochichava um status no ouvido
próximo e ele era compartilhado com o
seguinte, até voltar à origem. Dava um bué! Saia coisa como “salada de mamão
macho” e voltava como “sai de baixo que vem a mão”. No Facebook, cada um lê
quando e como quer. Outro dia, alguém me perguntou quando é que eu viajaria, a
que de pronto respondi: “amanhã, às 8” .
A mensagem era de uns dias antes e já havia outra na linha: “Bom dia, dr. Tudo
bem?” Ainda bem que o cara tinha cérebro.
Você abre a página principal
e vê um monte de coisas que a pessoa “está pensando”: mesas postas, pratos
feitos, árvores, eventos, dentros, foras, saudações gerais, tratativas pessoais
de cunho delicado tal como “o que você está fazendo?” Nem me pergunte! Outros
mandam notícias, fotos, citações, altos pensamentos, risos, choros, mesas
postas, pratos feitos, árvores, eventos, dentros, foras, saudações gerais, e a
gente curte; as de interesse pessoal,
compartilha.
Entre tapa e beijos, eu gosto
do Facebook. Demorei para entrar, mas dou uma boiada para não sair. O Facebook
é bom por uma centena de comentários,
mas, aqui, vão dois: um, revela a
pessoa como ela é e, dois, revela a
pessoa como ela é. A diferença é que um é o Facebook e o outro é o fakebook. O
fakebook não esconde a espinha inflamada da foto nem da alma. Facebook é
superficial e profundo; fakebook é superficial e chato. Adaptando o que disse o
meu filho Davi, Facebook é intimidade aparente e fakebook é nudez real.
De fato, facebook é um
instrumento de comunicação que permite de oi
e oba até boi e boba. Tem gente que
envia graça até que com certa graça, tem gente que faz graça, e tem quem curta
e compartilhe desgraça. Vai lá! Não gostou, é só deletar o feião. O problema é o que fazer com amigos amigos.
Amizade não se faz num dia nem se apaga num clique; assim, o negócio é separar
as coisas em categorias: sala, cozinha e banheiro.
Noutras palavras, há papo que
é público, outro que é reservado e outro que é privado. A coisa toda está à
mostra e deve ser tratada com inteligência, arte e bons afetos. Inteligência,
bem... Já arte tem um lado inteligente e outro de bom gosto, e essas não são
opcionais. Tudo que dizemos e exibimos, além de expor quem somos, porta um
tanto de responsabilidade quanto ao Senhor a quem amamos e servimos e ao
próximo a quem deveríamos amar e servir no Senhor. Como disse o Paulo da Bíblia
em um lugar: “pouco se me dá de ser julgado por vós (...) nem eu tampouco julgo
a mim mesmo (...) quem me julga é o Senhor (1Coríntios 4.3-4) e, em outro: “que
ninguém se preocupe comigo mais do que em mim vê ou de mim ouve” (2Co 12.6). E
essa é a chave: na sala, estamos à vista e sem cochichos; na cozinha, ensaiamos
um dedo de cafezinho com cuidado e fala mansa porque a porta tem ouvidos; no
lugar de lavar o rosto e escovar os dentes, aí é melhor fechar a porta e ligar
um mata som – não podemos expor as vergonhas.
Na sala, o bom tom manda que
não cobremos, acusemos ou corrijamos as pessoas. Além do lugar comum da frase
“errar é humano”, tem aquele risco de aparecer nosso próprio erro, no mínimo,
de falta de educação. Se a pessoa for amiga,
deixa pra lá porque “o amor cobre multidão de pecados” (1Pedro 4.8), e, se for
amigo mesmo, também, porque “O que encobre a transgressão adquire amor, mas o
que traz o assunto à baila separa os maiores amigos” (Provérbios 17.9).
Tem disso e tem daquilo, mas
na sala, cruze as pernas com elegância, não sacuda os braços nem lance
perdigotos juntamente com as palavras. Na cozinha, a conversa é mais íntima,
reservada. Se for você quem estiver lá, exponha o coração, mas não os
intestinos; dobradinha e buchada ficam bem na panela. Se outros estiverem lá,
lembre-se de que sapo de fora não chia nem se intromete nem critica senão vira
perereca venenosa. Espere o chamado do tanoeiro ou do cururu ou do sapo boi. Se
for colhido de surpresa, finja que está no pântano, dê um coaxado, uma limpada
de garganta, uma tossidinha e vê se dá para filar um bolinho de chuva. No
banheiro, ah! você acha que eu preciso disso? Não quero ver ninguém lá, nem
rusga de casal nem iras nem náuseas.
Vamos lá, pessoal! É
divertido – até que alguém bote aquela foto ou aquele comentário. Aí, jacaré
tem boca maior do que a do sapo. Tem não, gente; o jacaré é manso.
Wadislau Martins Gomes
3 comentários:
Gostei do post.
Facebook é uma daquelas coisas que o cristão não pode ficar de fora, más tem que ter sabedoria pra ficar dentro e é ai que mora o perigo "crente" é um ser desajeitado pra transitar nos dois meios, cristão e secular, porque pra nós só cabe um modo de viver.
Faço da seguinte forma:Publico coisas que pra mim são de fundamental importância, compartilho só a ideia que realmente creio e curto tudo aquilo que promove o bem, diverte sem ofender más assumo que se for preciso bato o pé de publico naquilo que denigre a família o corpo de Cristo,sejam os do mundo ou os da casa tentando aplicar as mesma exigências para comigo. Abraço Dani Lima
Muito bom. Isso tudo é verdade verdadeira, sem falar que no facebook sem fio, o dito pelo não dito é tido por verdade e levado à sério, por vezes causando sérios prejuízos de coisa que nem tem tanto valor assim. Tinha mais a dizer, mas sem a opção curtir, pensei " duasveis" e... quem ler entenda a joke. Abcs
Onde esta o Curtir? Quero Curtir! Deixa eu Curtir, por favor.
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