A expressão mulher cristã requer um entendimento de
que é coisa imprescindível que todos os aspectos da vida sejam vividos diante de Deus. Assim, tenho me alegrado
e me condoído, questionado, estudado, sofrido, e compartilhado as condições de
mulheres dentro e fora da igreja de Cristo. Sempre estive envolvida no trabalho
feminino das igrejas. Nossa igreja nascente ainda está firmando os passos
doutrinários éticos para estruturar trabalhos da infância, adolescência,
mocidade, mulheres ou dos homens. Temos pessoas de todas as idades em nossa
congregação – homens, mulheres, crianças e jovens vão se convertendo dia a dia
e se firmando na fé, aos poucos firmando compromisso com a igreja em obediência
e amor ao Senhor da mesma. Nossos pastores demonstram amor aos pequeninos e aos
grandes, procurando preparar a todos – solteiros ou casados, para participar da
família da fé. Grupos se reúnem nos lares para instrução, comunhão, adoração e
serviço a fim de trazer os indivíduos à maturidade no corpo de Cristo.
Estudando sobre o que significa
estarmos “arraigados e alicerçados” em Cristo, uma coisa que ficou clara é que
temos de entender e cumprir as razões bíblicas para cada atividade. Para isso,
estamos estudando os dons espirituais e descobrindo qual nosso dom e como
desempenhá-lo. A Bíblia tem diretrizes muito nítidas para o ministério
feminino, especialmente nos escritos de Pedro e de Paulo no Novo Testamento.
Pedro era casado, e em seu ministério (como a maioria dos apóstolos) fazia-se acompanhado de sua
esposa (1Co 9.5) – daí sua sabedoria ao falar sobre os relacionamentos
decorrentes da conversão: “Estáveis desgarrados como ovelhas; agora porém vos
convertestes ao Pastor e Bispo de vossa alma (1Pe 2.25). Mulheres, sede vós a
igualmente submissas...para que se ele ainda não obedece a palavra, seja ganho
sem palavra alguma...(1Pe 3.1); Maridos, vós igualmente vivei a vida comum do
lar com discernimento e consideração...” (1Pe 3.7).
Paulo, talvez, seria solteiro,
ou viúvo, mas pelo mesmo Espírito Santo escreveu também com grande
sensibilidade sobre os relacionamentos no lar e fora dele como a relação entre
Cristo e sua igreja: “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo” (em
seguida ele exemplifica com as esposas) “As mulheres sejam submissas ao seu
próprio marido, como ao Senhor (...) Maridos, amai vossa mulher, como também
Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela... Assim também os
maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si
mesmo se ama” (Ef 5. 22,25, 28). O relacionamento entre os cônjuges é
primordial e protótipo para os demais relacionamentos na igreja. Assim, para
viver plenamente nossa feminilidade, após aprimorar nosso relacionamento com
Deus (Mt 5.33), o primeiro aspecto a considerar será nosso relacionamento com o
marido e com as outras pessoas que fazem parte da igreja. Queremos ser mulheres
que auxiliem a igreja – de Gênesis até o Apocalipse, a função feminina é de auxiliadora idônea (far-lhe-ei uma
auxiliadora que lhe seja idônea, adjutora que esteja como diante dele – Gn
2.18).
Nem todas as mulheres são
casadas – aliás, ser mulher cristã inclui desde as meninas e moças a viúvas e
mulheres que estão sozinhas por escolha ou pelas vicissitudes da vida – e nossa
identidade como mulheres está em participar do corpo e noiva de Cristo – não em
nosso relacionamento com homem algum. Vemos em Jesus Cristo que a pessoa
solteira é inteira e íntegra – jamais identificada pelas pessoas a quem está
ligada, mas pela Pessoa do Deus Conosco. Em todos os casos, nossa função, tanto
na igreja quanto na vida familiar, é a de ajudar
– e nossas ações devem sempre levar isso em conta. Daí a importância de
qualquer atividade que tivermos não ser exclusivista, e sim, proativamente inclusiva. Na vida
atarefada de hoje, temos pouco tempo livre e esse não deve ser dedicado a
atividades em que nos afastemos da família, dos filhos, uns dos outros. Existem,
sim, aspectos e interesses diferentes para homens e para mulheres – não alvos
diferentes, mas perspectivas múltiplas e
singulares que requerem comunhão
diferenciada.
Uma igreja irmã resolveu essa
questão fazendo as reuniões das mulheres e as dos homens simultaneamente – no
caso dela, em casas próximas uma da outra, com temas de estudo interligados, com as perspectivas femininas
vistas no estudo bíblico das mulheres e os de problemas e soluções dos homens a
questões ligadas a sua condição masculina. A família sai juntos para o estudo
bíblico e se divide para intensificar e praticar seu entendimento dos aspectos
particulares a cada um. Interessante que um menino de uns nove anos tenha
comentado para a avó: “Estou estudando o trecho para a reunião dos homens que
vamos ter hoje à noite”. As crianças também são incluídas – valorizadas como
participantes desse aprendizado.
Quando Paulo iniciou seus
conselhos distintos para homens e mulheres, começou dizendo aos homens “Quero
que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e
animosidade” (1Tm 2.8). Muitas pessoas acham que a oração é atividade típica
das mulheres – e temos visto na história da igreja que mulheres que oram têm
visto grandes transformações. Mas Paulo enfatiza a necessidade dos homens se
envolverem em oração, levantando mãos (os instrumentos de seu labor e labuta)
santas, sem animosidade! Uma típica atitude ostensivamente masculina não poderá
ser contraposta com descaso, ressentimento ou competição, mas terá de ser amparada
pelo espírito manso e tranquilo que Deus requer de homens e de mulheres!
Logo após, Paulo dá alguns
conselhos às mulheres que, de início, poderão parecer sexistas: “as mulheres,
em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira
frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras
(como é próprio às mulheres que professam ser piedosas). A mulher aprenda em
silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça
autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio” (1Tm 2.9-12). Por que é que
ele começa este assunto falando de traje exterior? Não parece superficial? Por
que enfatiza para as mulheres a recomendação de modéstia e bom senso, e vestes
de boas obras e piedade? E como é que ele ordena que aprendamos em silêncio e não
exerçamos autoridade ou ensinemos
o marido na presença de outras pessoas?
Como mulheres do Século 21,
temos a tendência de ser mestras – não aprendizes – ruidosas e autoritárias!
Uma reflexão timoteana nos dará novas
perspectivas sobre nosso ser e nosso fazer. Depois de nos “contrariar”, o
apóstolo acrescenta que a mulher “será preservada através de sua missão de mãe,
se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com bom senso” (1Tm 2.15).
Hoje em dia as mulheres querem
fazer nome por meio da autorrealização – não por sua “missão de mãe”— mas
Cristo quer fazer de nós pessoas que cumpram a missão materna, quer tenhamos
filhos de barriga quer os tenhamos do
“Espírito,” como exemplos de doadoras de vida ou até sendo mentoras e
instrutoras. Missão de mãe não é uma de ficar na cozinha, grávida, pilotando
fogão. É gerar vida, parir vida como na figura de Paulo: “meus filhos, por
quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4.19).
Toda mulher cristã em
submissão a Cristo possui essa missão de mãe! Ah! irmãs
amadas, mães, sem filhos, que os perderam, que os tem pequenos e talvez temam
não saber educar: Deus nos dá uma missão preciosa e pródiga! aos presbíteros e
em seguida aos diáconos, Paulo enfatiza que “da mesma sorte, quanto a mulheres (...) sejam respeitáveis, não
maldizentes, temperantes e fiéis em tudo” (1Tm 3.11).
Em outro artigo quero delinear
algumas estratégias práticas que nós mulheres podemos realizar, mas hoje fica a
pergunta: o que quero ser como mulher
cristã? Temos de entender quem somos
e para que fomos criadas. Somente depois de entender o que seja refletir a glória
de Deus como mulheres, poderemos começar a desempenhar alguns aspectos especiais
de nosso trabalho, que não será em vão. Rebecca Jones
lembra: “É somente o amor de Jesus, o amor do único perfeito e santo homem, que
pode nos ensinar quem são verdadeiramente as mulheres. Ele nos compreende e nos
ama melhor que ninguém. Deus criou as mulheres à sua imagem, e, enquanto as
redime e renova, Jesus Cristo as recria à sua imagem”.[1]
Elizabeth Gomes
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