Para ilustrar um ponto, em
aula, perguntei a um aluno:
– Você quer casar comigo?
– Claro que não – ele foi
pronto.
– Por quê?
– Porque já sou casado!
Ah! Se não fosse... Depois do
contraponto aposto e feita a graça, continuei a explicação. O ponto era uma
pergunta anterior: casar é um bom alvo? Já havia definido os termos da ideia
baseados na proposição de que um bom alvo
tem de ser possível de ser atingido e possível de ser mantido. Menos do que
isso, seria um alvo frustrável e, portanto, um mau alvo. Casar, como seguia o
exemplo acima, não é um bom alvo porque é coisa que depende do assentimento de
alguém mais – e muita gente tem ouvido o não!
Também é coisa que pode ser interrompida por uma dureza de coração ou pela bruxa da viuvez.
– Ter bastante dinheiro seria
um bom alvo?
– Se for merecido e servir à
generosidade, sim – disse outro aluno.
Ainda assim, nem sempre
conseguimos riquezas e sequer podemos garantir sua permanência; a traça e a
ferrugem corroem, diz a Bíblia; e o Collor confisca, experimentamos.
– E ser perfeito, é um bom
alvo?
– Ah! Isso é – responde a
turma em desafino!
– É coisa possível?
– Bem, isso não é, pois
ninguém é perfeito... – adianta um, meio manhoso.
– “Anda na minha presença e
sê perfeito”, disse o Senhor a Abraão – obtemperou uma voz feminina.
– Paulo disse que prosseguia
para o alvo da perfeição – falou alguém estimulado pela voz anterior.
Para fazer curta a longa
discussão, o certo é que ser perfeito é um mau alvo porque ninguém será
perfeito nesta vida (e quem o disser já terá frustrado o alvo por meio do
autoengano – ver 1João 1.8) senão o perfeito Filho de Deus e do homem, Jesus. O
que Paulo disse, em Filipenses 3.12-14, foi que ele mesmo não havia alcançado
ou recebido a perfeição, mas que prosseguia para o alvo possível de ser obtido
e mantido, que é a perfeição de Cristo, para a qual fomos chamados em Cristo! Assim , a
deixa levou ao segundo ponto.
– Qual seria um bom alvo em
relação a todas essas coisas referidas?
As respostas vieram rápidas:
– Hum... ah... her...
– Her... hum... ah...
– Ah hum her...
– Se perfeição não é um bom
alvo, como é que Deus tem esse alvo? – declarou um de modo ad baculum.
– Simples que nem pão com
queijo: Deus é perfeito porque é a própria perfeição. Para ele, nossa perfeição
é alvo possível e possível de ser mantido. Ele mesmo prometeu por meio de
Paulo: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1.6).
Aí, para prosseguir a
explicação, vieram as questões, meio historietas: “Quantos saltos perfeitos
deverá proceder um paraquedista perfeito a fim de manter a perfeição?”
– Todos, ué! – disse um
paulista.
– E quantas vezes o
funambulista (o da corda bamba, ô meu) poderá cair e continuar sendo fiel?
– Nenhuma, uai! – disse o
mineiro quase em silêncio.
– Na verdade, quantas vezes
quantas ele voltar ao arame para prosseguir.
O fato é que, se tudo vem de
Deus que efetua nossa vontade e sua realização, dele é a perfeição e a
fidelidade. Se formos infiéis, ele permanece sendo fiel – e bondoso. Assim, a
fim de alegrar o coração dos casados e casadouros, dos operosos que almejam o
resultado do seu trabalho, e dos que visam sabiamente a perfeição de Cristo,
aqui vai mais uma: essas bênçãos maravilhosas de Deus são excelentes desejos. Casamento é bom desejo, trabalho é bom desejo,
ser perfeito é bom desejo. Quem encontra uma esposa acha o bem, quem é prestimoso
no trabalho e sábio na administração dos bens (só cuide de se guardar do amor
do dinheiro, como disseram Tiago e Pedro) alcança justo valor, e quem segue o
caminho do Senhor revelado na sua Palavra guiada pelo Espírito, recebe sua
recompensa! Na verdade, essas e outras bênçãos residem em Cristo, o qual,
habitando em nossos corações e mentes, leva-nos ao alvo da perfeição: “vós sois
dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e
justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se
gloria, glorie-se no Senhor” (1Coríntios 1.30-31).
– Então professor, como é que fica?
Fica assim: nós seguimos os
alvos de Deus e ele satisfaz os desejos do nosso coração: “Confia no Senhor e
faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade. Agrada-te do Senhor, e
ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor,
confia nele, e o mais ele fará” (Salmo 37.3-5).
– Ô professor, a lei da graça
é perfeita, não é? Dá até vontade de ser fiel! – disse um, e na cola veio o
outro:
– Vai ser perfeita lá longe!
Wadislau Martins Gomes
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