Pai e avô coruja, delicio-me
em mostrar a cara dos pequenos de ontem e dos já não tão pequenos de hoje. O
mesmo depois de parir livros. Desta vez, vieram gêmeos: Força para a família, da Editora Monergismo, e Quem cuida de quem cuida?, da Editora Cultura Cristã. Olha só a
carinha deles.
Temos de cuidar do caráter e
deixar que Deus cuide da situação. Entretanto, não pense que não temos
responsabilidades em relação à situação. A Escritura fala de boas obras e de
deveres calcados na ordem edênica de cultivar e guardar e de crescer e
multiplicar. E sobre esse ponto: “Enganoso é o coração, mais do que todas as
coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá” (Jeremias 17.9)?
Cultuar a Deus e cultivar a
terra, guardar os mandamentos do Senhor e a herança da vida temporal, crescer
em estatura e graça, e multiplicar filhos de sangue e espirituais, tudo isso é
tarefa ordenada por Deus, mas que nosso coração subverte. Preferimos cultivar
nossa personalidade, guardar nossos direitos, crescer em abastança e poder, e
multiplicar feitos que assegurem a memória de nosso nome. O apóstolo Paulo
adverte contra a insídia do autoengano: “no sentido de que, quanto ao trato
passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências
do engano” (Efésios 4.22).
Enganamo-nos, até mesmo,
quanto à origem das nossas motivações. Lemos, em Provérbios (ver 4.18-27) que a
vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai aclarando até ser dia
perfeito. Somos informados que o caminho
dos perversos é escuro. Ouvimos o apelo do Pregador para dar ouvidos às suas
palavras e guardá-las frente aos olhos e no coração, pois significam vida e
saúde. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele
procedem as fontes da vida” (v. 23). O
que fazer diante da sabedoria? O Pregador continua, dizendo: desvia a maldade
da boca e a falsidade dos lábios, olha direto à frente, para as coisas
louváveis, considera onde pisa e escolha andar em retidão, desviando os pés do
mal.
Nós também pregamos isso. No
entanto, falamos mal uns dos outros, às vezes, a mentira, às vezes, a verdade,
mas de maneira a destruir o caráter da pessoa de quem falamos. Atentamos contra
o caráter de pessoas criadas à imagem de Deus! Não ponderamos palavras nem
olhares nem gestos nem atitudes e, depois, alegamos não saber de onde vêm os
problemas. Não obstante, sob o peso de culpa não diferenciada, temos medo de
Deus e homens, e a vida se torna tensa, os amigos parecem insensíveis, e a
vida, toda descolorida. Isso, só para ilustrar, pois há tanto mais que nos pesa
e faz sofrer. (QCQC, p. 35.)
Lembranças podem ser úteis,
sim, para mostrar um padrão em nossos problemas, traços de pecado ou peso. O
passado lembrado fala mais dos pensamentos e sentimentos de hoje. É como se
comunicássemos coisas que estão ali, no coração, sem palavras, sem definições,
mas latentes, renitentes. Muitas das coisas que experimentamos na vida vão
sendo mudadas nas lembranças, para justificar alegrias e tristezas. Nem sempre
pensamos nelas, mas sempre que algo acontece, acordamos velhas reações já
conhecidas.
O “velho coração” é
obstinado. Até mesmo, as imagens de quando ainda não sabíamos falar, ficam
enroscadas na ideia, alterando valores e percepções. Joana e João, certamente,
tinham coisas para dizer sobre seus pais. Bons ou maus, eles teriam algo a ver
com o tipo de “personalidade” que, hoje, João e Joana exibiam. Responsabilidade
dos pais. Ou do professor fulano de tal. Ou de Deus. O quinto mandamento
continua vivo e vigente. Honra teu pai e ta mãe não diz respeito apenas ao
papai e à mamãe. Diz respeito a quem lhes deu honra, cuja autoridade maior é
fisicamente conhecida na relação parental.
Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou
tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a
ninguém tenta.Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando
esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o
pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte (Tiago 1.13-15).
– Antes de casar, ele parecia
ter todas as qualidades boas que eu reconhecia
em meu pai; depois de casar, ele passou a exibir os defeitos que vi em
meu pai, e que eu queria evitar.
– Claro, Joana. Tal como, no
Éden, o bem era a qualidade reconhecida e, o mal, a quebra de qualidade, a ser
evitada. Assim também, fora do Éden, nossas qualidades, quando quebradas,
exibem seu lado avesso. (FPF, p. 86.)
Wadislau Martins Gomes
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