Um tanto sombria, uma recente postagem foi sobre o peso do Natal, e eu
queria escrever algo mais animador e leve para começar o ano de 2017. Como
Maria na antiguidade, eu meditava muitas coisas no coração, e as revirava na
cabeça com coceira de proclamar a todos quantos quisessem ouvir, ainda que não
fosse voz de anjos ou profetas. Também como Maria da antiguidade, eu não tinha
acesso a computador nem chamado para proclamação pública, e apenas lembrava com
gratidão os muitos profetas que me antecederam, acompanham e sucedem na
caminhada: meu pai, meu companheiro de vida e marido para todos os dias, meus
filhos e genro – todos pastores – e os netos que nos alegram porque andam na
verdade em amor. Começo o ano novo com profunda gratidão e igual percepção de
que toda a graça que nos inunda é imerecida prova da abundante generosidade do
Senhor.
Confesso
que a “coceira de proclamar” não se alivia com os talcos ou bálsamos dos dias
atuais. Como uma autora facefriend constatou,
o vírus da procrastinação está sempre presente (e nada latente) em corações
despertos pela Palavra – e igualmente embalados pelas dissonantes e
entorpecentes cantigas de ninar do mundo em que vivemos e escrevemos. Já passou
quase uma semana do ano de nosso Senhor de dois mil e dezessete. Tenho muito
que escrever e nem sei por onde começar, se bem que continuo com metas a
cumprir. Por exemplo, publicar dois livros novos e, como uma mulher mais velha
de Tito 2.3, que, sem perder a joie de
vivre ou humor, eu seja séria em meu proceder; não caluniadora (nem em
insinuação, face, nem em pessoa); não
escravizada (a vinho ou a qualquer coisa que anticristãmente intoxique a mente ou escravize o coração); que seja
mestra do bem (de coração aprendiz e disposição serviçal); a fim de instruir as
jovens a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas
donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido e ao Senhor da Noiva da qual
participo. Ser ainda respeitável e não maldizente, temperante e fiel em tudo
(1Tm 2.11)! Se conseguir comunicar isso com graça durante os próximos doze
meses, considerarei cumprido meu chamado.
Observo
postagens lupinas de velhos pastores que se revestiram de idolatria herege,
zombando de jovens que mantém a sã doutrina e, como João o ancião disse:
“Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em
vós, e tendes vencido o Maligno” (1Jo 2.14). Tenho “coceira” de responder ou
comentar à altura da dissonante voz. Mas volto ao Verbo da Vida e ao discípulo
amado que passou a ser apóstolo do amor para ler postagens escritas com
estiletes de palavras duras de entalhar após queimadura de mãos e corpo no
óleo,
além de lábios ungidos
em meio à solidão do exílio de Patmos:
O que
era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios
olhos,
o que
contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a
vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la
anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o
que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente,
mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho,
Jesus Cristo. Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja
completa. Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é
esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se
dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não
praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz,
mantemos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não
temos pecado nenhum, a nós
mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a
sua palavra não está em nós (1 Jo 1.1-10).
Que o novo ano seja regado com as palavras das
três epístolas de João a pais que conhecem o Pai, jovens, velhos, crianças,
filhinhos, senhora eleita, senhores e servos, e amigos!
É SÓ O COMEÇO!
Elizabeth Gomes
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