Há semanas tenho comichão nos dedos e cutucão no pensamento para
escrever um novo blog. A preocupação com
as responsabilidades assumidas, porém, e a própria dureza dos dedos (a artrose
indica que estou jovem a muito mais tempo do que pensa minha cabeça) faz com
que eu seja lerda em responder a esses leves (e de vez em quando fortes)
empurrões. Depois, tem a questão da dureza de coração. A constatação em que
Paulo descreve sua própria vida, em Romanos 7.15-23, é realidade na minha—ainda
bem que “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).
Ontem, depois de um maravilhoso culto ao Senhor em que a Palavra foi
explanada pelo meu pregador predileto, uma irmã agradeceu por uma postagem que
compartilhei a algumas semanas que trouxe consolo após a morte de sua mãe. Fui
estimulada a escrever mesmo quando não me vejo capaz, mesmo quando há outros que
escrevem mais e melhor do que eu, mesmo que doam as mãos e o coração. Jesus
assegura minha morada, ou, conforme disse meu escritor predileto no seu livro
“Personalidade centrada em Deus” (a ser publicado em breve):
Encontro em Cristo habitação (lócus e fócus)
, pois ele veio para a habitação que lhe pertencia e que ele mesmo havia criado
para o homem, mas o homem não o recebeu como sua própria habitação. Antes,
seguiu vagando pelo deserto em busca de miragens de habitações criadas pela
imaginação humana. Moveu-lhes o desejo de controlar seu próprio mundo, de
pertencer à terra em vez de reinar sobre ela, de ter autoridade sobre todas as
coisas e pessoas. Fora do Éden, no deserto da autonomia, tudo é árido e
solitário. Somente a graça de Deus pode fazer companhia à alma e dessedentar o
coração.
Nesse mundo árido e
solitário, a alma é dessedentada pela própria Água Viva e a mente é estimulada
a pensar e agir. Parece um pouco com a cena atual de Refúgio a partir da janela
de nossa casa: vejo a paineira em flor, rosas do jardim, e no local da
churrasqueira, uma bagunça total de múltiplas obras a serem acabadas:
alvenaria, marcenaria, fiação elétrica, coisinhas pequenas e grandes coisas a
serem realizadas aqui e agora.
Nós cristãos temos
esperança para o futuro, não só de “torta no céu” com uma visão escatológica
conforme 1Ts 4.13-18, mas também de sermos instrumentos transformadores no
futuro próximo, fazendo diferença no
mundo em que vivemos, consertando aquilo que nós podemos mudar , deixando-o
mais belo e útil para a glória de Deus, provocando em nosso irmão de carne e
sangue fome da palavra, e em nosso irmão em Cristo, disposição de ser sal e luz
num mundo que jaz no maligno.
Às vezes dá uma coceira de amargar para
comentar sobre política e situações insuportáveis nesse nosso mundo tenebroso.
Vontade de endireitar o que está errado, ou pelo menos protestar veementemente.
Não somos vaquinhas de presépio—estamos em guerra e a luta não é contra carne e
sangue. Tenho de me lembrar de Neemias que estimulava seu povo à reconstrução
dos muros de Jerusalém: trabalhavam com uma das mãos e com a outra seguravam a
sua arma (Ne 4.16-23). A meta era firme e o método exigia perícia: pá de
pedreiro com espada de defesa, carregar tijolos e pedras e simultaneamente
portar armas! E descubro em minha pequena tarefa de comunicar a Palavra de Deus
de modo simples e prático que simultaneamente sujo as mãos plantando flores e
mexendo na cozinha. Verdade, de vez em quando deixo a desejar no que realizei
ao computador, e depois de cinqüenta anos de cozinha às vezes queimo o feijão.
Mas estou aprendendo. Uma coisa de cada vez, cada coisa carregada de
simplicidade e igualmente importante.
E fico contente com a irmã que compartilhou que o meu compartilhar foi bálsamo para seu coração.
E fico contente com a irmã que compartilhou que o meu compartilhar foi bálsamo para seu coração.
Elizabeth Gomes
Um comentário:
Excelente forma de nos estimular a continuar, mesmo diante de tantos desafios cotidianos!
Deus a abençoe sempre! Escreva mais, por favor!
Postar um comentário