Está chegando o dia em
que celebramos o nascimento de Jesus Cristo e, ao ler mensagens de amigos do
mundo inteiro, não posso deixar de ler nas entrelinhas o sofrimento de muitos
deles. Talvez uns dez (que eu saiba) estejam enfrentando a dor da descoberta ou
difusão de um ou muitos cânceres. Cansados de diagnósticos e tratamentos, de
desejos de vitórias e curas, alguns, como Jó, glorificam a Deus afirmando “Sei
que meu Redentor vive” e trazem ânimo e alento para outros irmãos. Outros não
sabem nem por onde começar a pedir misericórdia ao Pai de Amor.
O período de festas é
também um tempo quando muitos lembram as carências: um casamento rompido, uma
amizade ferida, uma igreja em lutas internas e externas.
Eu me lembro de um 25
de Dezembro, há anos, quando fomos passar a festa em Araras, com os pais do
Lau, e encontramos a casa vazia e a empregada respondendo à nossa pergunta
sobre onde estavam, com um lacônico: “No hospital”. A paleta de carneiro que eu
preparara e os cookies ficaram em
cima da mesa, os presentes que trouxemos ainda no carro. Fomos direto ao
hospital que testemunhara o nascimento de nossos filhos e tantas surpresas
agradáveis. Ali encontramos Da. Eulina junto ao leito do sempre alegre – agora
mudo – Sr. Wadislau. Com os familiares estava a vigília: longa e entediante,
intercalada com chegada de diversos parentes amados que vinham à medida que sabiam
da notícia.
“Que ele viva – ainda
que tenha de ficar de cadeira de rodas!” foi uma súplica a Deus. Mas Deus
escolheu levá-lo, fazendo-o viver numa esplendida eternidade sem dor, na
presença do Senhor da Vida – no dia em que fazia aniversário – 26 de dezembro;
sua partida partia nosso coração, mas ele foi em paz. Em vez de “Noite
Jubilosa”, cantamos seu coro predileto: “Que a beleza de Cristo se veja em mim / Toda sua
admirável pureza e amor...” e vimo-lo partir, calmo, sereno e tranquilo. Minha
querida segunda mãe perdera o companheiro de quarenta e seis anos – “Queria
tanto fazer bodas de ouro!” ela suspirava. Meu companheiro de vida tinha
perdido seu melhor amigo na terra. Mas a beleza de Cristo era visível em cada
um cuja vida fora tocada pelo Redentor.
Voltando para as cenas do Natal, conforme as
festejamos na igreja de Cristo, lembrei-me de que o primeiro deles, junto com o
júbilo de anjos e pastores, estava prenhe
de pressentimentos. Um cordeirinho em uma estrebaria – para que, afinal, nascia o Cordeiro de Deus que a mãe colocou na
manjedoura? Ele se encarnou para dar a vida pelos que estavam mortos em delitos
e pecados. Dar vida, não fazendo com que ficássemos apenas joviais e alegres
para festejar o infante Jesus, mas dar vida trinta e três anos mais tarde,
consumando todo o plano eterno de Redenção sobre uma tosca, horrenda cruz.
A previsão
de Simeão, alguns dias após seu nascimento, foi de que esse menino seria “luz
para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel”. Era a razão
pela qual o velho podia agora descansar (podes
despedir em paz o teu servo (...) porque os meus olhos já viram a tua
salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos
gentios, e para glória do teu povo de Israel – Lucas 2.25-38). José e Maria
se admiram do que foi dito, mas certamente Maria lembraria por muitos anos a
profecia que continuava: Este menino está
destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para
ser alvo de contradição, (também uma espada traspassará a tua própria alma),
para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
Em Belém, receberam a visita dos sábios da Mesopotâmia
que lhe presentearam com ouro, incenso e mirra; e, avisados por um anjo sobre
os intentos de Herodes, os magos não voltaram a Jerusalém. A família sagrada fugiu
com o Menino para o Egito. A horripilante matança dos inocentes foi o jeito que
o mundo se manifestou no nascimento do Rei dos Reis (Mt 2.1-18).
Quando Jesus iniciou seu ministério, aos trinta
anos, João Batista anunciou o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E o
evangelista João descreve o relato dizendo: O
Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a
sua glória, glória como do unigênito do Pai (Jo 1.14).
Para meus amigos que se alegram neste Natal: Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá
do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra
de mudança (Tg 1.17) – desfrutem, aproveitem, regozijem-se em tudo que há
de bom e honesto para se alegrar.
Para meus muitos amigos queridos que sofrem
neste Natal – ou em outras épocas festivas da vida, o mesmo Tiago partilha: “Meus irmãos, tende por motivo de toda
alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé,
uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação
completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. Se ,
porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá
liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tg 1.2-5).
Quer estejamos em situação de alegria quer em
profunda tristeza, neste Natal tenhamos nítida e constante lembrança da razão
pela qual Jesus veio ao mundo: “Hoje vos
nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”.
Em época do Advento, na Idade Média, monges
cantavam: “Ó vem ó vem Emanuel / vem resgatar a Israel / que geme em exílio /
sem ter de Deus o Filho. / Regozijai! Emanuel virá a ti ó Israel!” Cantamos
porque ele veio. Celebramos porque ele está aqui, Deus conosco! E aprendemos a
viver contentes em toda e qualquer situação – porque ele nasceu para nos dar fé
confirmada: perseverança a fim de sermos perfeitos e íntegros, em nada
deficientes!
Glória a Deus e Feliz natal!
Elizabeth Gomes
2 comentários:
Elizabeth,
Muito comovente o post!
Que Deus a abençoe. Feliz Natal, se bem que já passou, pra vc. e sua família.
Abr.
Elizabeth,
Bonito post!
Feliz Natal (se bem que já passou) prá vc. e sua família.
Abr.
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