Uma menina de onze anos acompanhou seu pai em
visita pastoral à Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, e mudou para sempre a
vida de muita gente. Eu sabia que minha amiga Carol Ewing tinha duas irmãs
adotadas, mas não conhecia a história, que ouvi semana passada pelo facebook,
sobre como aconteceu há 57 anos.
Nina relata que, ao
sair do hospital, seu pai viu um menino de uns dez anos com grande curativo no
joelho, mancando, e seu pai ofereceu carona ao garoto. Chegando ao local, Nina
e o pastor José Woody viram que essa família (pai, quatro crianças pequenas e
minúsculas gêmeas, bebezinhos) moravam em casebre de pau a pique com alguns
blocos de cimento, e cozinhavam sobre dois tijolos no chão de barro. A mãe
morrera no parto e as gêmeas quase morriam de fome.
O missionário e a
filha levaram comida a essa família em penúria (Nina acha que a Liga Juvenil ajudou a
coletar alimentos) e a junta diaconal foi acionada, ajudando-os a mudar para
uma casinha de adobe com telhado e porta. Um dia, quando Nina foi com seu pai para
visitá-los, o viúvo estava à porta com as gêmeas nos braços e lágrimas nos
olhos, e disse:
– Reverendo, leva essas meninas. Estão morrendo.
Nina levou as duas
esquálidas meninas no colo, no carro, e foram direto para o hospital. Um médico
as examinou, receitou medicamentos, e disse-lhes que não via muita esperança. Assim,
eles as levaram para sua casa.
(O pobre pai e seus outros filhos, mais tarde, mudaram-se para a Fazenda Experimental, em que um presbítero arranjou-lhe emprego e escola para os filhos.)
(O pobre pai e seus outros filhos, mais tarde, mudaram-se para a Fazenda Experimental, em que um presbítero arranjou-lhe emprego e escola para os filhos.)
Nina acha que sua
família só cuidou delas por volta de uma semana. Da. Dina, sua mãe, tinha medo
de deixá-las sozinhas porque estavam tão doentes que temia que morressem a
qualquer instante.
Minha amiga Nina
costumava visitar outra amiga americana, Carol Ewing, filha única, que uma vez
lhe dissera que os pais queriam adotar uma filha, uma irmã para ela. Certa
noite, enquanto as gêmeas estavam ainda na casa dos missionários Woody, Nina
acordou às três da manhã com pensamento nítido: “Os Ewing adotarão essas
menininhas." Acordou sua mãe e seu pai, e contou seu pensamento da
madrugada. Nina lembra ouvir sua mãe dizer:
– Nina, não é tão simples assim.
A persistente Nina
sabia que sua mãe estava acostumada com seus esquemas malucos. Contudo, no dia
seguinte, sua mãe – relata Nina – foi visitar os Ewings,e... encurtando a longa
história, eles adotaram as pequeninas, que hoje são Ruth e Betty, na casa dos 50
anos, irmãs de Carol Ewing McQuistan! Ambas retornaram ao Brazil para visitas
anos atrás.
Descobri velhas amizades por meio das redes sociais, e a de Nina é uma das mais
assíduas. Pensei em “blogar” sobre o rico tema bíblico de teologia e vida de
adoção, assunto precioso que tenho visto na vida de amigos e parentes desde que
me conheço por gente. Mas quando li a história contada por uma menina cristã
que acompanhava e ajudava seus pais a viver aquilo em que cria, as lágrimas só
pararam ao pensar em compartilhar com vocês. Só uma garota? É a maravilhosa,
estrondosa misericórdia do Senhor dos Exércitos que entrou na nossa humanidade
e pequenez. Obrigada Nina, Carol, Ruth e Betty, obrigada “dinossauros
missionários do passado” – que aprendamos e os imitemos!
Elizabeth Gomes
2 comentários:
Lendo Deleitando-se na Trindade de Michael Reeves,compreendo, esse é o Amor do Pai. E quando somo guiados pelo Espírito Santo nos refletimos um pouco D'Ele.Obrigada por partilhar.
É uma linda história de amor em ação Que o amor a Deus nos inspire a repeti-la tantas vezes quanto necessário. E tem sido tanto.
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